Crianças expostas ao fumo passivo apresentam diminuição no processamento auditivo
29 de agosto de 2016 Deixe um comentário

Dra. Alessandra Spada Durante e Dra. Cristiane Lopes, professoras da FCMSCSP
No dia 29 de agosto, segunda-feira, é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo no Brasil. Para ressaltar a importância da data, o Boletim Conectar relembra os resultados da pesquisa “Emissões Otoacústicas em escolares expostos ao fumo”, realizada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
O estudo, que aborda os impactos da fumaça do cigarro na audição e no processamento auditivo de crianças em idade escolar, foi conduzido pelas professoras Dra. Alessandra Durante, do curso de Graduação em Fonoaudiologia, e Dra. Cristiane Lopes, professora do Departamento de Ciências Fisiológicas da FCMSCSP, com 145 estudantes, de 8 a 10 anos, em uma escola da capital paulista. “A exposição ao fumo sofrida por crianças pode variar muito dependendo dos hábitos de fumo dos pais e familiares. Para ter uma análise objetiva do quanto a criança foi exposta ao fumo, foi feita uma avaliação de um metabólico de nicotina na urina, a cotinina”, explica a Prof.ª Dra. Cristiane Lopes. Dos estudantes participantes da pesquisa, 41% haviam sido expostos ao fumo passivo de forma significativa.
Para analisar os efeitos do tabagismo passivo na capacidade de desenvolver a audição e sua compreensão, foi avaliada a função coclear (um dos órgãos responsáveis pela audição). Para isso, foi colocada uma sonda que emite sons na orelha da criança. A resposta da cóclea é coletada por um microfone no aparelho e processada por um programa de computador. As professoras descobriram, então, que a capacidade de compreensão de informações verbais das crianças que foram expostas ao fumo passivo era menor em relação à das que não tinham qualquer contato com o cigarro.
De acordo com a fonoaudióloga Prof.ª Dra. Alessandra Durante, para os pais foi uma surpresa saber que o fumo passivo causaria danos ao processamento auditivo das crianças, uma vez que tinham apenas noção das questões relacionadas à respiração: “A Dra. Cristiane e eu realizamos uma oficina na escola para falar destes impactos na audição. Mostramos os resultados e conversamos sobre a sensibilização do que é a audição, a importância da audição e o impacto disso, principalmente para a criança que estava em processo de aprendizado, já que mínimas perdas de processo auditivo já causam prejuízo escolar”, afirma. “A exposição à nicotina não é o único fator ambiental a alterar o processamento auditivo, mas é um fator que pode justificar algumas dificuldades escolares das crianças”, ressalta a Dra. Cristiane.
As professoras também coordenaram, em 2011, uma pesquisa que aborda os impactos do tabagismo materno durante a gravidez. O estudo apontou que o fumo teve efeito negativo no processo auditivo do neonato, e alertou para o risco de fumar durante a gestação. A pesquisa, que conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), tem sido ampliada por meio de uma nova tecnologia no estudo das emissões otoacústicas pressurizados e imitância acústica com estímulo de banda larga.
Texto originalmente publicado no boletim Conectar, edição 95, em 23/8/2016. Assine nossa newsletter: http://www.fcmsantacasasp.edu.br.