Fonoaudiólogo se torna indispensável para profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho
27 de julho de 2013 Deixe um comentário
Ao se referir ao trabalho realizado pelo fonoaudiólogo, muitas pessoas ainda costumam relacioná-lo, apenas, à atuação com crianças que têm dificuldades de fala. Porém, nas áreas de voz, linguagem, comunicação e expressividade, a Fonoaudiologia pode realizar diferentes tipos de atividades para o profissional que desenvolve tarefas ligadas a tais áreas. Afinal, inúmeras profissões dependem, sobretudo, da voz e da expressividade, como teleoperadores, conhecidos antigamente como operadores de telemarketing, professores, locutores, leiloeiros, políticos, atores, cantores, entre outros.
De acordo com a fonoaudióloga Prof.ª Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva, chefe de departamento de Ciências da Comunicação Humana do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coordenadora do Ambulatório de Artes Vocais da Santa Casa, nos últimos 10 anos, a presença do fonoaudiólogo cresceu muito em atuações específicas com os chamados profissionais da voz, sobretudo pela descoberta e valorização dos cuidados dessa ferramenta.
“Hoje, o fonoaudiólogo trabalha as questões da saúde vocal de forma direcionada. Por exemplo, para um professor, a questão do ruído do ambiente da escola é um ponto a ser destacado, no caso do teleoperador, é o ar condicionado, e por aí se direcionam para cada profissão a prevenção, orientação, treinamentos e tratamentos”, afirma.
Dentro dessa gama de profissões, o professor é um dos profissionais que mais apresentam problemas na voz. A especialista explica que geralmente ele tem de concorrer com muitos fatores adversos do ambiente de trabalho como o barulho de fora da sala de aula, presença de poeira, falta de aparelhagem de amplificação sonora (como microfone), além dos fatores organizacionais como sobrecarga de trabalho, indisciplina dos alunos, pressão da chefia, etc.
“Trabalhamos a questão do volume, por exemplo. Quando aumentar o tom da voz, é necessário respirar melhor e abrir mais a boca. Quem conhece essas técnicas são os atores, que são treinados e sabem projetar a voz, mas a maioria dos outros profissionais não tem esse domínio”, diz a especialista.
Outra categoria que depende muito do trabalho do fonoaudiólogo é o teleoperador. Segundo a Dra. Marta, a atuação vai desde a prevenção de problemas na voz, das orientações em relação à saúde vocal, até a questão do uso da expressividade, para evitar o uso do “gerundismo”, adequação do uso de ênfase e pausa e curva melódica no script, texto padrão utilizado pelas empresas de callcenter.
“Hoje existe uma atuação muito significativa do fonoaudiólogo junto ao teleoperador para a melhora do português desses profissionais, caso necessário. Dessa maneira, tenta-se evitar a irritação que erros na fala podem causar ao cliente. Para se ter uma ideia da importância dessa atividade, existem fonoaudiólogos que realizam plantões para ter sempre um profissional habilitado na escuta da ligação e possa avaliar o desempenho do teleoperador”, diz.
Outros exemplos citados pela Dra. Marta são as emissoras de rádio e televisão, em que são raríssimos os profissionais que não conhecem o trabalho de fonoaudiólogo. “Cabe ao especialista orientá-los quanto à maneira de se expressar, para que falem sempre com uma expressividade adequada ao teor da noticia. Isso cabe também para políticos e empresários que falam em público. É um mercado que cresce muito e está em plena expansão”, conclui a professora.
Texto originalmente publicado no boletim Conectar, edição 22, em 23/7/2013. Assine nossa newsletter http://www.fcmsantacasasp.edu.br.